segunda-feira, 27 de junho de 2011

Livro marca interação com o Terceiro Setor

Nos últimos anos, houve uma explosão no número de organizações sociais que atuam no Brasil. Com a expansão veio a concorrência e, com ela, a necessidade de profissionalização.

A compaixão e a solidariedade, que até então eram os únicos motivadores para o financiamento das ações sociais, foram substituídos, paulatinamente, pela busca de resultados eficientes e de incentivos fiscais, para empresas e demais doadores.

O resultado é que as organizações sociais tiveram que se adaptar ao novo modelo de gestão, imposto de um lado pela iniciativa privada, com suas planilhas, projetos de curto e médio prazo e de outro pelo Poder Público, que vendo o crescimento do segmento, passou a fazer renúncia fiscal, beneficiando os investidores sociais com deduções no imposto de renda, mas exigindo prestação de contas da aplicação do dinheiro.

Com isso,o financiamento das ações que até então era uma ação particular entre a organização social e o doador, ganhou status de “dinheiro público”, sofrendo toda sorte de exigências à luz da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Hoje, a organização social apta a receber dinheiro fruto de doações que tiveram dedução do imposto de renda, tem que responder a uma mesma burocracia que qualquer outra grande empresa privada que contrata com o poder público.

Mas não foi só o modelo de financiamento das ações sociais que mudou. Outras mudanças vieram neste esteio. Primeiro foram aquelas elencadas a partir do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, cujos efeitos revolucionários continuam a ser sentidos até hoje, quase 18 anos depois de sua criação e que mudou o olhar sob as crianças e adolescentes que passaram a ter identidade própria.

Depois, as alterações ocorridas no seio da sociedade, que se tornou cada vez mais complexa, cada vez mais consciente das suas diferenças, com grupos reivindicadores da sua identidade a clamar por respeito, com acontece com os negros, os homossexuais, os deficientes, os jovens, as mulheres, os idosos e os deficientes.

Juntem-se a este caldeirão, as novas tecnologias de informação, as redes sociais, os modelos não lineares de gestão e a preocupação com o meio ambiente e temos, hoje, um cenário muito diverso daquele em que muitas das organizações sociais foram criadas e onde o modelo de atuação foi esboçado.

Com isto, as organizações tiveram que se “reinventar”, não apenas para sobreviver, mas também para atender à demanda cada vez mais crescente, interativa e diversa que a sociedade apresenta. Foi, principalmente da iniciativa privada,que veio o novo modelo de organização social e com o novo modelo a idéia de profissionalização das entidades sociais.

Mas o que implica profissionalizar uma iniciativa social? É investir na capacitação de gestores e coordenadores? Contratar experts da iniciativa privada? Adaptar para o terceiro setor modelos bem-sucedidos de outros setores? E como essas mudanças afetam a própria organização social que pretende se profissionalizar? Como se mede o impacto social do trabalho desenvolvido?

Não há respostas únicas a estas indagações. O que há são impressões e um “modo de fazer especial”, que cada organização foi buscar para dar conta do desafio.

No entanto, não foram todas as organizações que conseguiram desenvolver-se com a mesma desenvoltura. Hoje há um verdadeiro fosso a separar as organizações que deram um salto de qualidade em seus processos de gestão e de atuação e outras que por falta de informação ou de pessoal ficaram paradas no tempo.

Em comum, ambas mantém os valores de solidariedade e amor ao próximo, que as motivam a, todos os dias, buscarem respostas para os problemas que se apresentam e com isso, desenvolvem novas tecnologias sociais que acabam por ser, em primeira análise, novas soluções para os mesmos problemas.

Esta miscelânea de saberes que é a cara do Terceiro Setor foi o que buscamos trazer para a Ong Brasil, feira realizada no final de 2009.

De um lado, temas técnicos e específicos foram abordados em mini-cursos, para que a semente da necessidade de uma gestão moderna e eficiente fosse germinada. De outro, colocamos na mesma mesa profissionais, especialistas, voluntários e gestores das organizações para que, juntos, discutissem os caminhos, as dificuldades, os desafios e as conquistas do Terceiro Setor. Em reuniões plenárias chamamos o Poder Público, a Iniciativa Privada e o Terceiro Setor para que juntos pudessem refletir sobre a importância da consolidação deste tripé que sustenta a administração moderna.

Foram três dias de pura emoção e aprendizado, onde, de uma colcha de retalhos, aos poucos, foi se delineando a nova “cara” do Terceiro Setor. Uma face que estava oculta nos afazeres diários e agora busca luz merecida para propor novas discussões que podem redundar em políticas públicas de inclusão social.

É esta experiência, que procuramos sintetizar na presente publicação. Não há nenhuma pretensão acadêmica, nem conceitos fechados. É apenas uma contribuição modesta para o debate, que busca democratizar o que foi dito e deixando a porta aberta para que novas discussões sejam formuladas e propostas em muitas outras ONG Brasil que ainda estão por vir.

Maria Isabel Pereira

Leia a íntegra do Livro em: http://telecentros.sp.gov.br/img/arquivos/Livro_ONG%20BRASIL%20WEB.pdf

sábado, 18 de junho de 2011

Prata terá Associação para cuidar do Balneário

Audiência Pública ratifica proposta do empresário Gilberto Sibin de criar uma Associação para revitalizar o Balneário nos moldes em que foi feito em São João, no Theatro

As audiências públicas convocadas pela Prefeitura para discutir o que fazer com o Balneário Teotônio Vilela chegaram ao fim. No último dia 14, a audiência ratificou, por unanimidade, o único projeto colocado em votação e que prevê a Revitalização do Balneário. O projeto foi apresentado pelo empresário Gilberto Sibin e subscrito por mais de 918 pessoas.

Se outros projetos havia, nenhum foi oficializado.

A proposta do empresáro é fazer com o Balneário o mesmo que foi feito com o Theatro Municipal, em São João da Boa Vista. O Theatro, a exemplo do Balneário, estava abandonado há anos e o Poder Público, sozinho, havia esgotado as suas possibilidades de fazer o restauro. A solução encontrada foi criar uma organização social sem fins lucrativos para gerir a obra. Estava criada a Fundação Oliveira Neto e, depois, a Amite – Associação dos Amigos do Teatro, ambas formadas por voluntários que foram à luta para conseguir verbas da iniciativa pública e privada. O resultado todos conhecem: a cidade ganhou de volta o seu Theatro, ainda mais bonito e imponente, do que a maioria das pessoas lembravam.

Gilberto Sibin, participou de todo o projeto que culminou com a reabertura do Theatro. Foi presidente da Amite e atualmente é o seu vice-presidente, cargo que ocupa pela terceira vez. Na Prata, para viabilizar o projeto – orçado preliminarmente em R$ 5, 8 milhões – , Gilberto vai constituir uma Associação que se chamará ABA – Associação de Amigos do Balneário.

Para viabilizar a utilização do Balneário e transformá-lo num negócio lucrativo, o Município de Águas da Prata deverá firmar convênio com a ABA, repassando à ela a administração e gestão do Balneário. Com este instrumento legal, que deverá estar previso em Lei, o Poder Público autorizará a Associação a buscar recursos para sua administração, reforma e revitalização.

O projeto prevê a utilização de todos os espaços disponíveis no Balneário, com uma divisão em quatro áreas operacionais: saúde, beleza, educação e cultura e comércio. O que norteará as atividades em cada área será a utilização da água e a saúde.

A ABA terá seis meses para captar os recursos necessários para iniciar a primeira etapa da obra, que contempla a elaboração do projeto físico-estrutural, um estudo sobre o calçamento e demanda de água, o dimensionamento de reservatório e redes de distribuição, sistema elétrico, sendo considerado, ainda, um projeto de reuso de águas pluviais, para ser utilizado sobretudo na limpeza e no paisagismo.

Em seguida, serão revitalizadas as áreas externas, fachadas e piscina, com execução estimada em oito meses. Na segunda etapa serão preparados os espaços destinados à área da Saúde e beleza. Para execução desta fase são estimados quinze meses. Com duração prevista de seis meses, na terceira etapa serão recuperados os espaços comerciais. E por fim, em mais 12 meses, serão restaurados e recuperados o anfiteatro, o paisagismo e os espaços destinados à área de Educação e Cultura. O empresário salientou que a partir da segunda etapa, a intenção é colocar em funcionamento tão logo fique pronto.

Gilberto Sibin estima que será possível, em três anos e quatro meses, ter o Balneário totalmente recuperado e funcionando. Ele aposta, sobretudo, na busca de verbas a fundo perdido, existentes nos Ministérios, Autarquias e Secretarias que muitas vezes são devolvidas ao erário público, por falta de projeto. Outro ponto de apoio, a exemplo do Theatro, são as doações de empresas e particulares, a maioria fruto de isenção fiscal. Também comporá a receita, o pagamento dos sócios e de empresas, que terão descontos progressivos nos cursos, atividades e serviços oferecidos pelo Balneário.

Após a apresentação, Gilberto foi calorosamente aplaudido. “Acho que foi Deus quem mandou ele”, comemorou o vereador Reinaldo que não escondia o seu entusiasmo. “Há muito tempo que a Prata precisava de um projeto assim” ,disse.

O vereador Moreira, também gostou do que viu. “Não esperava encontrar um projeto assim. Chegou na hora certa”, disse.

O prefeito Samuel Binatti mostrou-se satisfeito. “O que eu não quero é terminar o meu mandato com o Balneário fechado”, disse. O vice-prefeito Pedro Dezena reforçou que esta foi uma solução que só pôde ser encontrada por que o prefeito abriu espaço: “Foi graças à atitude desprendida do Prefeito Samuel, que abriu as portas para que a população opiniasse, que esta solução pode acontecer”.

João Otávio Bastos Junqueira, filho do ex-prefeito Clineu de Andrade, também foi da mesma opinião. Ele parabenizou o prefeito por ter possibilitado que aquilo acontecesse e vaticinou que ele tem “uma jóia nas mãos”. Ele leu, durante a audiência, uma carta do seu pai, relembrando quando o terreno para a construção do Balneário foi declarado de utilidade pública em sua gestão.

O ex-prefeito José Vilela Junqueira foi quem inaugurou o Balneário em 1975. Ele fez um desabafo contra a retirada das pedras que compunham o calçamento do lugar. Em seguida considerou que o prefeito era “privilegiado” por ter um grupo de pessoas querendo compartilhar o ônus da administração. “Isso é muito raro de acontecer”.

O ex vereador Manuelito salientou a importância de uma lei que autorize a execução do projeto e disse que havia gostado do que foi apresentado, mas lamentou não ter sido procurado para assinar o abaixo-assinado. Como ainda havia espaço em uma das folhas, Gilberto Sibin, apresentou o documento para que ele também pudesse ser um subscritor da proposta.

Para Claudio Capparelli, morador da Fonte Platina, o projeto trouxe uma nova esperança, para a cidade. “Foi a primeira vez que eu vi na Prata uma solução unânime. Foi muito bom”, disse.

A presidente da Ong Guará, Cristina Lerosa, comemorou a apresentação do projeto como uma solução exemplar para um problema que se arrasta há mais de 13 anos. “É o início de uma retomada séria e definitiva no desenvolvimento de Águas da Prata”, disse.

A professora Yara Cavini também é da mesma opinião. “Sinto como se esse momento estivesse sendo gestado há anos. Agora é fazer crescer com muito cuidado e trabalho. Não tem volta”, disse.

O presidente da Câmara, Angelo Roberto de Oliveira, marcou para o dia 28, às 17h30, uma reunião na Câmara Municipal para que o empresário apresente o projeto aos demais vereadores. Na mesma reunião será discutido um anteprojeto de lei autorizando o convênio entre a municipalidade e a Associação de Amigos do Balneário, nos moldes da Lei celebrada em São João da Boa Vista, entre a Prefeitura e a Amite.

Um projeto para a Prata

Alguns dirão que foi Deus. Outros dirão que foi a intervenção do arquiteto Walter Toscano, cuja missa de Sétimo Dia foi realizada no mesmo momento. Mas o fato é que enquanto o empresário Gilberto Sibin apresentava o seu projeto, no dia 14 de junho, durante a audiência pública, algo mudava em Águas da Prata. Foi chegando mansamente, aparando as arestas de muitas contendas, exemplificando, moldando, emocionando, clamando ao racional e desencravando palavras de ordem há muito esquecidas, para nos fazer lembrar: a cidade nasceu da água.

E não se trata de uma água qualquer. Mas uma água que cura. Uma água cuja pureza foi comparada a de Vichy, na França. Foi por causa dela, que D. Tita de Oliveira construiu um hotel ali, na década de 20. Foi por causa da água que, em agradecimento, um benfeitor depois de curar-se de males hepáticos doou à municipalidade o Cristo Redentor. Foi ainda, por causa da qualidade de suas águas, que o governador Abreu Sodré resolveu dotar uma das suas Estâncias mais antigas com um balneário. E justamente, em função da sua importância, não poderia ser um balneário qualquer. Tinha que ser moderno, arrojado, mesclando linhas retas e curvas, na medida certa para guardar um conhecimento antigo: a água da Prata cura.

Sabiam disso os animais que escolhiam beber água da Fonte Antiga e que foram observados pelo dentista Rufino Gavião. Sabiam disso todos os milhares de visitantes que enchiam os hotéis e frequentavam o seu balneário. Sabia disso a Faculdade de Medicina da USP, que, em 1939 publicou um estudo sobre as águas da Prata, fonte onde Toscano foi beber para indicar quais banhos e tratamentos deveriam acontecer no Balneário, na década de 70.

Sabiam disso, ainda, quase todos os presentes na audiência pública. A maioria de nós crescemos ouvindo isso. Mas, por alguma destas interferências do destino que não nos cabe invocar, perdemos o ouvido para as coisas simples e deixamos de botar reparo no óbvio, no que é a solução natural. Com isso esquecemos que a Prata nasceu da Água, que a cidade existe porque é uma Estância Hidromineral e que o coração de um lugar assim, só pode ser uma catedral, criada para reverenciar as suas qualidades: o seu Balneário.

Foi isso que o empresário Gilberto Sibin levou para a audiência: a vocação natural da cidade. E o fez com a maestria do empresário acostumado a lidar com grandes problemas; com a graça do artista-fotógrafo que não sabe brincar e que é profissional e eficiente em tudo o que faz. Ele provou, na sua vida, que sonho e realidade são uma coisa só. Tudo é questão de foco.

Não há planejamento sem sonho. E não há realização sem planejamento. Durante cerca de uma hora, o empresário foi desmontando todas as dúvidas que teimam em se insurgir quando se apresenta um projeto desta natureza e fez com que um antigo sonho, que habita a alma de todo aquele que mora, frequenta ou gosta de Aguas da Prata, perdesse a timidez e ganhasse corpo: o renascimento turístico da cidade. E isso, em forma de uma projeto de revitalização que contemple a volta do Balneário e que garanta espaço para a arte, a cultura, a educação, a saúde e o entretenimento. Tudo com um único foco: a água.

A maneira de fazer isso já foi testada em São João da Boa Vista: união . Foi assim que a comunidade sanjoanense encontrou uma maneira para salvar o seu Theatro Municipal. Foi através dos seus voluntários que buscaram verbas – José Rubens Blasi, José Marcio Carioca e Vera Adib à frente – que o dinheiro foi achando os cofres do Theatro. Sem contar os demais voluntários que ficavam nas coxias doando tempo, saber, trabalho e muitas vezes dinheiro. O Poder Público fez a sua parte, com os prefeitos, vereadores e o corpo técnico da prefeitura - com Ana Laura Amaral Zenun brigando diuturnamente pela obra - ofereceu todo o suporte para que o sonho de alguns se tornasse realidade para muitos.

Enquanto a memória buscava unir realidade e sonho, um novo Balneário começou a ser lapidado. Surgiu jovem, moderno, com muita força e capacidade. Tudo velho, mas ao mesmo tempo tudo novo, porque possível e repaginado.

Por exemplo: na área dos banhos, porque não incrementá-los com aromaterapia, e uma série de tratamentos que tenham a água como base? Por que não ter um restaurante que forneça comida saudável e de qualidade –quem sabe com produtos orgânicos, para valorizar o produtor local? E por que não, vender cremes, sabonetes e xampus, produzidos com água mineral, fomentando uma linha de produção pratense? Que tal trazer grupos musicais e teatrais para se apresentarem no Balneário? Como irão se beneficiar os hotéis, restaurantes e pousadas da cidade, com um projeto como este? Quantos empregos serão gerados direta e indiretamente?

Por fim, a emoção contida explodiu em aplausos. Longos, calorosos, sentidos, gratos. Os mais emotivos foram às lágrimas. Era o que a Prata queria. E por ser tão simples e tão natural foi expontaneamente apresentado e foi também expontaneamente aceito. Como diria oI Ching, o velho livro de sabedoria Chinês, chegou a hora do “Poder do Grande. Assim o homem superior atravessa a grande água. Boa Fortuna”.

domingo, 12 de junho de 2011

Prefeitura retira mosaico português da frente do Balneário

A Prefeitura de Águas da Prata começou a retirar, no dia 7, as pedras do mosaico português que circundam o Balneário Teotônio Vilela, em Águas da Prata. A ação pegou a cidade de surpresa porque aconteceu uma semana antes da data prevista para a audiência pública, convocada para definir o que fazer com o Balneário.

O prefeito Samuel Binatti, disse ao O MUNICIPIO que a obra de pavimentação do calçadão estava programada anteriormente e que não falou sobre ela, nas audiências públicas anteriores, porque “não julgou relevante”. Segundo ele, as pedras serão substituídas por bloquetes de cimento.

A obra não estava nos planos da cidade até que um empresário resolveu doar para a Prefeitura um banheiro, para ser instalado na esquina do Balneário. A empresa benemérita é a Inovatta Indústria e Comérco de Esquadria de Alumínios, de propriedade de Antonio Molina Spina, antigo frequentador da cidade. O empresário conta que em conversa com o prefeito sugeriu fazer um lugar de apoio para os frequentadores do bosque, que chegam aos borbotões, aos domingos, vindos de Poços de Caldas. De acordo com ele, foi sua a ideia de construir um banheiro e, sobre o telhado, um palco, bem em frente ao Balneário.

A Prefeitura, por sua vez, resolveu somar a sua contribuição à proposta do empresário e enviou ao DADE – Departamento de Apoio às Estâncias, um projeto que atende pelo nome de “Reurbanização e Revitalização do Calçadão do Balneário Teotônio Vilela”. O projeto que será pago com recursos públicos está orçado em R$ 300 mil, que já foram liberados. Os bloquetes cobrirão uma área de 3.210 m² e a intervenção conta ainda com a instalação de luminárias fechadas com vapor de sódio de 750 volts, uma praça de alimentação com mesinhas redondas de alvenaria e - por que não - o prefeito vai aproveitar o dinheiro público para também trocar a grama.

Inquirido sobre a retirada das pedras, o prefeito respondeu que a obra foi autorizada pelo arquiteto, Walter Toscano (que faleceu no último domingo) que teria, ainda, escolhido o modelo. Na verdade não foi bem assim.

Em email assinado pela arquiteta Monique Gonzalez, no dia 10 de fevereiro, o escritório do arquiteto diante do pedido da necessidade exarada pelo prefeito, enviou um modelo de piso de bloquete intertravado. A arquiteta Monique explicou à reportagem que o modelo fora escolhido por lembrar o original, em duas cores, mantendo assim as características originais da obra que é reconhecida mundialmente.

Mas a prefeitura não gostou da escolha. No dia 17, um outro email foi enviado ao escritório do Toscano, a pedido do secretário de Gabinete Renato Padula Carile, com um folheto com diversos tipos de piso, para que o arquiteto escolhesse um. Toscano, na resposta obtida com exclusividade pelo O MUNICIPIO reforça a importância do mosaico português e pede que pelo menos dentro do prédio, o mosaico seja mantido, mas diante da necessidade apresentada pela prefeitura escolhe um dos pisos solicitados.

“Mas não será este o que vamos colocar. Vamos por um de Vargem Grande que é mais lisinho e bonitinho”, explicou o secretário de Gabinete Renato, à reportagem. Renato informou que na audiência pública do dia 14, o novo piso será apresentado.

Cidade sem lei

O promotor Donisete Tavares Moraes Oliveira, disse que está de “maos atadas”. “Eu já pedi ao Prefeito e à Câmara que façam leis de proteção e criem um conselho de preservação do patrimônio. Mas a Prata não tem e parece que não quer leis assim”, afirma o promotor.

Ele lembrou o caso do fechamento da Fonte Platina. O promotor entrou com uma ação, mas perdeu em instância superior, porque a cidade não tem regras sobre isso. “A cidade é regida por leis. Se ela não se importa, se no seu ordenamento jurídico não cria regras, o Poder Judiciário nada pode fazer”, disse. Águas da Prata não tem nem Conselho de Meio Ambiente, nem Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico. Com isso a cidade não tem regras para tombar um bem. “ É preciso que a comunidade faça um movimento e pressione a Câmara para que aprove estas leis. Aí podemos agir, num caso como este”, concluiu o promotor.

Estância recebe 1,6 milhões do DADE neste ano

Aguas da Prata está em vias de receber 1,6 milhões do Departamento de Apoio à Estância. A prefeitura já tem destinação para o dinheiro. Segundo o departamento de Engenharia, R$ 300 mil é para o calçadão do balneário; R$ 400 mil para a revitalização de canteiros centrais e reforma de praças; R$ 650 mil, para a segunda etapa da reforma da Praça de Esportes. Neste dinheiro estão incluídas o fechamento do lugar, com telas, reforma do Playgroud e construção de uma quadra de grama. O campo, a arena de multiplo uso, a quadra coberta e a piscina, cujas obras estão paradas há tempos, não serão reativadas com este recurso. Segundo a engenharia, a verba era da Primeira Etapa e houve problemas nas planilhas de custo que devem ser ainda aprovadas pelo Estado. O restante da verba será utilizado na reforma das praças vereador Gabriel Binatti e Nossa Senhora Aparecida.

Morre o arquiteto Walter Toscano

Foi notícia em todo o país, a morte do arquiteto João Walter Toscano ( 1933- 2011), no dia 5 de junho. O arquiteto havia sido hospitalizado há duas semanas com pneumonia e morreu em função de complicações advindas da doença.

Tido como um dos grandes mestres da arquitetura moderna brasileira, Toscano foi professor da FAU/ USP , onde se formara. Sua maior influência foi Niemeyer e Le Corbusier, fonte onde buscou inspiração para projetar o Balneário de Águas da Prata. No ano em que o Balneário foi inaugurado, Toscano foi eleito arquiteto do ano, pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Festejado por sua obras, entre elas a estação do Largo 13 de Maio, em São Paulo, as obras de Toscano se tornou um marco na paisagem e sinônimo de modernidade e qualidade

O projeto do Balneário, que hoje é parte integrante do Centre di Pompidou, em Paris, era a “menina dos olhos” do arquiteto.

Em 2005 ele esteve em Águas da Prata, em diversas ocasiões para apresentar um projeto de reativação do Balneário, adaptando o seu uso a um SPA.

O projeto foi aprovado, parte do dinheiro para fazer a obra veio, mas não teve continuidade. O prefeito da ocasião preferiu o trocar o dinheiro restante, por obras pontuais, como reformas em praça, construção de pontos de ônibus, portal, etc...

A missa de Sétimo Dia do Arquiteto será no dia 14, às 19 horas, em São Paulo. Na mesma data e horário acontece uma audiencia pública para definir um projeto de uso do Balneário. Que Toscano inspire a todos.

Para saber mais:

Este é o modelo de piso que o arquiteto indicou à prefeitura no dia 10 de fevereiro, diante do fato apresentado ( piso danificado, falta de mão de obra para a pedra portuguesa e de dinheiro), para que substituísse o original.Note que, em duas cores, o piso se assemelha ao efeito de mosaico do original. A prefeitura não gostou e enviou, dias depois, um catálogo com outros modelos. O arquiteto ressaltou a importância da pedra portuguesa, mas diante do fato escolhe outro piso. Nenhuma das opções oferecidas pelo arquiteto foram levadas em consideração. Veja cópia do email enviado pela Prefeitura ao arquiteto, dias depois de receber a resposta:

On Sex 12/02/10 09:09 , Prefeitura de Águas da Prata Estado de São Paulo pmaguas@gmail.com sent:
Conforme solicitação do Senhor Secretário Municipal de Gabinete, Renato Padula Carile, encaminhamos panfleto demonstrativo da empresa Crete Construções e Comércio Ltda. para apreciação.

Notifique-nos do recebimento deste e-mail, por favor.

Att,

Priscila


--
Prefeitura da Estância Hidromineral de Águas da Prata


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Atualizado em 12/02/2010



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