quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Por uma reforma política já!

Assisti ao debate da Band e do Uol e vi o primeiro dia de propaganda eleitoral – inteiro e sem cortes. Em todos fiquei com uma sensação tão ruim que me fez vir para cá e desabafar. O que aconteceu com a política brasileira? Em que ponto os caminhos ficaram tão parecidos que são indissociáveis? Onde foi parar o interesse e a veracidade?
A eleição parece envolta em uma névoa, como se pertencesse a um universo paralelo, sem conexão com a realidade, com o dia-a-dia das pessoas. Tudo tão raso, tão marketeiro, que não sei se o pior era o musical na favela virtual do Serra, que agora é Zé, ou o fundo falso do Oiapoque ao Chuí, de Dilma com sua maquiagem perfeita e sorriso de botox... Ou ainda se seria a tristeza cômica, com um humor chulo e barato para ser vendido em módicas fatias e fazer sorrir, quando deveria provocar o asco... Nem a Marina escapou com aquele programa recém saído da Discovery Channel, com imagens internacionais, como se aqui nunca tivesse acontecido tragédias climáticas e fosse preciso assustar ainda mais o povo do que ele já está.
Nos debates o cardápio é uma sopa de letrinhas -Prouni, AME, Enem, LRF - que combina com a “farofa de números” que os candidatos apresentam muitas vezes multiplicados e adicionados e falseados e nada de nada...
Fico imaginando os grandes mestres da política neste cenário. Gente da estatura de um Franco Montoro, de um Tancredo Neves e também gente anônima que viu os seus sonhos morrerem nos porões da ditadura militar... Gente que fez da vida uma luta pela conquista de direitos e que lutou para que tivéssemos agora o direito de debater, votar e escolher livremente os nossos representantes...
Tanto esforço e o resultado é isso?
Sou uma otimista incurável. Tenho fé nas pessoas e gosto do ser humano, de maneira geral. Vejo o fosso que separa os que pensam daqueles que votam com o rugir dos chicotes que alardeiam a seu tempo a paz ou miséria, como melhor convém. E o nosso sistema eleitoral só perpetua isso.
E sempre o céu ou o inferno. A eterna luta do bem e o mal...
No primeiro dia, o cardápio oferecia três realidades distintas: o Brasil bonito e perfeito de Lula; o Brasil cheio de problemas de Serra e o respiro no Animal Planet da Marina.
Nenhum deles é verdadeiro. Nenhum deles é o “Brasil dos brasileiros.” Nenhum deles mostra os problemas reais e o povo é que sairá com a pecha de “culpado” porque os mais sinceros parecem ser o Tiririca, a mulher Pera, o não sei o que Bisteca e, claro, o marido da Mara Maravilha, quando, na verdade eles também são frutos da mesma máquina eleitoral que fabrica candidatos.
O site do Tiririca é coisa de profissional. Tem mídias sociais, interatividade e é pensado para ser popular, com cores vibrantes, muita imagem e pouco texto. Ele faz visita às cidades, não está brincando de ser candidato. É candidato de verdade e tem agenda de compromissos. O que ele não tem: proposta. Mas parece que ninguém liga para isso mesmo.
A primeira vez que eu vi a mulher pêra foi a cerca de dois anos. Foi em um evento na Prefeitura de São Paulo e quando vi aquela mulher com a cintura deformada, vestida de chapeuzinho vermelho (ela estava com uma capa vermelha que encobria uma mini roupa verde e carregava uma cestinha com frutas) achei que era um happening. E fui cobrar quem é que tinha inventado aquilo. Até que fui informada de quem era a dita cuja e soube que o fato dela estar ali era um termômetro de sucesso – sinal de que as televisões viriam. Não demorou muito e as TVs apareceram e ela deixou a capa cair, para espanto e quase enfarto de alguns homens presentes... Pois bem, ela também tem site e agenda. Só não tem...propostas ,mas parece que é dispensável mesmo.
A única solução é uma reforma política. Já. Com voto distrital, sem obrigatoriedade de voto e sem doação “por fora” de empresas e pessoas.
A obrigatoriedade dos votos nos torna refém deste estado de coisas. A propaganda é direcionada aos indecisos, aos que nem lembram em que votaram. A propaganda serve aos que decidem a eleição: a massa de manobra.
Sem o voto obrigatório, o universo político seria outro...

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