domingo, 12 de junho de 2011

Prefeitura retira mosaico português da frente do Balneário

A Prefeitura de Águas da Prata começou a retirar, no dia 7, as pedras do mosaico português que circundam o Balneário Teotônio Vilela, em Águas da Prata. A ação pegou a cidade de surpresa porque aconteceu uma semana antes da data prevista para a audiência pública, convocada para definir o que fazer com o Balneário.

O prefeito Samuel Binatti, disse ao O MUNICIPIO que a obra de pavimentação do calçadão estava programada anteriormente e que não falou sobre ela, nas audiências públicas anteriores, porque “não julgou relevante”. Segundo ele, as pedras serão substituídas por bloquetes de cimento.

A obra não estava nos planos da cidade até que um empresário resolveu doar para a Prefeitura um banheiro, para ser instalado na esquina do Balneário. A empresa benemérita é a Inovatta Indústria e Comérco de Esquadria de Alumínios, de propriedade de Antonio Molina Spina, antigo frequentador da cidade. O empresário conta que em conversa com o prefeito sugeriu fazer um lugar de apoio para os frequentadores do bosque, que chegam aos borbotões, aos domingos, vindos de Poços de Caldas. De acordo com ele, foi sua a ideia de construir um banheiro e, sobre o telhado, um palco, bem em frente ao Balneário.

A Prefeitura, por sua vez, resolveu somar a sua contribuição à proposta do empresário e enviou ao DADE – Departamento de Apoio às Estâncias, um projeto que atende pelo nome de “Reurbanização e Revitalização do Calçadão do Balneário Teotônio Vilela”. O projeto que será pago com recursos públicos está orçado em R$ 300 mil, que já foram liberados. Os bloquetes cobrirão uma área de 3.210 m² e a intervenção conta ainda com a instalação de luminárias fechadas com vapor de sódio de 750 volts, uma praça de alimentação com mesinhas redondas de alvenaria e - por que não - o prefeito vai aproveitar o dinheiro público para também trocar a grama.

Inquirido sobre a retirada das pedras, o prefeito respondeu que a obra foi autorizada pelo arquiteto, Walter Toscano (que faleceu no último domingo) que teria, ainda, escolhido o modelo. Na verdade não foi bem assim.

Em email assinado pela arquiteta Monique Gonzalez, no dia 10 de fevereiro, o escritório do arquiteto diante do pedido da necessidade exarada pelo prefeito, enviou um modelo de piso de bloquete intertravado. A arquiteta Monique explicou à reportagem que o modelo fora escolhido por lembrar o original, em duas cores, mantendo assim as características originais da obra que é reconhecida mundialmente.

Mas a prefeitura não gostou da escolha. No dia 17, um outro email foi enviado ao escritório do Toscano, a pedido do secretário de Gabinete Renato Padula Carile, com um folheto com diversos tipos de piso, para que o arquiteto escolhesse um. Toscano, na resposta obtida com exclusividade pelo O MUNICIPIO reforça a importância do mosaico português e pede que pelo menos dentro do prédio, o mosaico seja mantido, mas diante da necessidade apresentada pela prefeitura escolhe um dos pisos solicitados.

“Mas não será este o que vamos colocar. Vamos por um de Vargem Grande que é mais lisinho e bonitinho”, explicou o secretário de Gabinete Renato, à reportagem. Renato informou que na audiência pública do dia 14, o novo piso será apresentado.

Cidade sem lei

O promotor Donisete Tavares Moraes Oliveira, disse que está de “maos atadas”. “Eu já pedi ao Prefeito e à Câmara que façam leis de proteção e criem um conselho de preservação do patrimônio. Mas a Prata não tem e parece que não quer leis assim”, afirma o promotor.

Ele lembrou o caso do fechamento da Fonte Platina. O promotor entrou com uma ação, mas perdeu em instância superior, porque a cidade não tem regras sobre isso. “A cidade é regida por leis. Se ela não se importa, se no seu ordenamento jurídico não cria regras, o Poder Judiciário nada pode fazer”, disse. Águas da Prata não tem nem Conselho de Meio Ambiente, nem Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico. Com isso a cidade não tem regras para tombar um bem. “ É preciso que a comunidade faça um movimento e pressione a Câmara para que aprove estas leis. Aí podemos agir, num caso como este”, concluiu o promotor.

Estância recebe 1,6 milhões do DADE neste ano

Aguas da Prata está em vias de receber 1,6 milhões do Departamento de Apoio à Estância. A prefeitura já tem destinação para o dinheiro. Segundo o departamento de Engenharia, R$ 300 mil é para o calçadão do balneário; R$ 400 mil para a revitalização de canteiros centrais e reforma de praças; R$ 650 mil, para a segunda etapa da reforma da Praça de Esportes. Neste dinheiro estão incluídas o fechamento do lugar, com telas, reforma do Playgroud e construção de uma quadra de grama. O campo, a arena de multiplo uso, a quadra coberta e a piscina, cujas obras estão paradas há tempos, não serão reativadas com este recurso. Segundo a engenharia, a verba era da Primeira Etapa e houve problemas nas planilhas de custo que devem ser ainda aprovadas pelo Estado. O restante da verba será utilizado na reforma das praças vereador Gabriel Binatti e Nossa Senhora Aparecida.

Morre o arquiteto Walter Toscano

Foi notícia em todo o país, a morte do arquiteto João Walter Toscano ( 1933- 2011), no dia 5 de junho. O arquiteto havia sido hospitalizado há duas semanas com pneumonia e morreu em função de complicações advindas da doença.

Tido como um dos grandes mestres da arquitetura moderna brasileira, Toscano foi professor da FAU/ USP , onde se formara. Sua maior influência foi Niemeyer e Le Corbusier, fonte onde buscou inspiração para projetar o Balneário de Águas da Prata. No ano em que o Balneário foi inaugurado, Toscano foi eleito arquiteto do ano, pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Festejado por sua obras, entre elas a estação do Largo 13 de Maio, em São Paulo, as obras de Toscano se tornou um marco na paisagem e sinônimo de modernidade e qualidade

O projeto do Balneário, que hoje é parte integrante do Centre di Pompidou, em Paris, era a “menina dos olhos” do arquiteto.

Em 2005 ele esteve em Águas da Prata, em diversas ocasiões para apresentar um projeto de reativação do Balneário, adaptando o seu uso a um SPA.

O projeto foi aprovado, parte do dinheiro para fazer a obra veio, mas não teve continuidade. O prefeito da ocasião preferiu o trocar o dinheiro restante, por obras pontuais, como reformas em praça, construção de pontos de ônibus, portal, etc...

A missa de Sétimo Dia do Arquiteto será no dia 14, às 19 horas, em São Paulo. Na mesma data e horário acontece uma audiencia pública para definir um projeto de uso do Balneário. Que Toscano inspire a todos.

Para saber mais:

Este é o modelo de piso que o arquiteto indicou à prefeitura no dia 10 de fevereiro, diante do fato apresentado ( piso danificado, falta de mão de obra para a pedra portuguesa e de dinheiro), para que substituísse o original.Note que, em duas cores, o piso se assemelha ao efeito de mosaico do original. A prefeitura não gostou e enviou, dias depois, um catálogo com outros modelos. O arquiteto ressaltou a importância da pedra portuguesa, mas diante do fato escolhe outro piso. Nenhuma das opções oferecidas pelo arquiteto foram levadas em consideração. Veja cópia do email enviado pela Prefeitura ao arquiteto, dias depois de receber a resposta:

On Sex 12/02/10 09:09 , Prefeitura de Águas da Prata Estado de São Paulo pmaguas@gmail.com sent:
Conforme solicitação do Senhor Secretário Municipal de Gabinete, Renato Padula Carile, encaminhamos panfleto demonstrativo da empresa Crete Construções e Comércio Ltda. para apreciação.

Notifique-nos do recebimento deste e-mail, por favor.

Att,

Priscila


--
Prefeitura da Estância Hidromineral de Águas da Prata


E-mail verificado pelo Terra Anti-Spam.
Para classificar esta mensagem como spam ou não spam, clique aqui.
Verifique periodicamente a pasta Spam para garantir que apenas mensagens
indesejadas sejam classificadas como Spam.


Esta mensagem foi verificada pelo E-mail Protegido Terra.
Atualizado em 12/02/2010



mini tile 1.jpgmini tile 1.jpg
372K Visualizar Baixar







0 comentários:

Postar um comentário