quarta-feira, 2 de março de 2011

Entrevista O MUNICIPIO - Parte V - O que se leva da vida é a vida que se leva

5- hoje, em seu novo trabalho (qual é?), V. consegue identificar ações que foram apreendidas/assimiladas no jornal O MUNICIPIO? Quais?
Acho que tanto como Assessora de Imprensa na Secretaria de Participação e Parceria, na Prefeitura de São Paulo, (cargo que exerço desde de 2007), quanto como Secretária de Turismo da Prata, para onde fui em 2005, levei o que aprendi no jornal. A principal marca talvez seja a necessidade de exercer múltiplos papéis, este jeito de me meter em tudo e de derepente estar fazendo algo muito diverso daquilo que era a função do cargo, como tem sido agora com as discussões sobre os rumos do Terceiro Setor, com os eventos e com o livro que publiquei. Outro ponto é ter compromisso com terminar e prazo para fazer, o que é quase uma heresia no serviço público. Ou seja, não dá para procrastinar que é um talento nato do Poder Público. Aí temos problemas e a jornalista e a assessora às vezes se estranham.
Em São Paulo consegui um bom relacionamento com colegas da imprensa, por respeitar o trabalho deles, porque sei como é estar do outro lado, querendo apurar alguma coisa e ter um assessor enrolando... Acho que sou mais jornalista que assessora, nestes casos. Mas me conformo sabendo que não sou a única...

6- você considera importante a sua passagem pelo jornal como base para o seu trabalho atual?
Agora o que talvez levei de melhor do jornal foi o entendimento de que o mundo é um lugar muito diverso. No jornal você acaba conhecendo muita gente, muitas visões diferentes de vida e descobre que cada problema tem muitos ângulos e soluções. Isso é muito rico e a mim, me fez mais democrática, mais aberta a outras opiniões, mais tolerante com as diferenças, mais conciliadora até. Enquanto jornalista, a palavra chave do trabalho é contexto. Quando você interioriza isso, começa a ver a vida numa linha do tempo e num contexto específico. Passa a ser uma visão muito mais sociológica de causa e efeito e é inevitável que se torne fã de gente, pessoas comuns, que são heróis do cotidiano. Sabe aquela máxima de que ninguém é tão rico que não tenha nada para aprender, ou tão pobre que não tenha nada para ensinar? Esta é a máxima da reportagem que é o “gran finale” do jornalismo. Quando se entende isso, a vida fica mais bonita, mais rica e mais participativa. Você se torna uma pessoa melhor e, com isso, um profissional melhor, onde quer que você vá.

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