quarta-feira, 2 de março de 2011

Entrevista O MUNICIPIO - Final - Os novos desafios

6-- em sua percepção o que faz o jornal O MUNICIPIO manter-se vivo, uma tradição?
A perserverança de quem o faz. A tradição de manter-se vivo, cem anos depois, é pura teimosia. O Municipio pôde ser inovador, porque contou com um Mecenas para pagar a conta! Simples assim. No caso foi o próprio dono. Entre 1998 e 2001 o jornal era maior do que a cidade podia comportar. Na São João de 13 anos atrás, não tinha indústrias como hoje e embora o comércio fosse forte, não tinha visão de marketing. A instalação dos cursos de propaganda e jornalismo ajudou a mudar isso, mas foi só depois que a primeira turma se formou em 2003. Por outro lado, o país e o mundo também eram outros. Na época das grandes inovações não tinha agências na cidade e computador ainda era artigo de luxo. Soma-se a isso o talento para gerar polêmica e os inimigos – alguns poderosos - que o jornal acumulava e o resultado era que a conta jamais fechava. Há 13 anos, o custo da internet, por exemplo, era absurdo! A conta de telefone era um despropósito, com internet discada e depois com banda larga. Chegava a custar, em 1999, cerca de R$ 5 mil ao mês. Era o equivalente a toda a receita de publicidade de uma edição de sábado, em dias de vacas gordas. Não tinha inflação, mas estávamos trabalhando com tecnologia de ponta e tudo era caro. Se saísse um processador, um scanner, um drive novo, que facilitasse o trabalho, o Jornal comprava. Tínhamos provedor dedicado; uma empresa somente para colocar as matérias e fotos no site... , comprávamos fotos de agências, algumas até internacionais e assinávamos resenhas de jornais. A “venda casada” de livros e filmes com o jornal era totalmente subsidiada. A conta de gráfica era absurda com cadernos especiais, edições comemorativas (tudo era motivo para imprimir mais páginas) .... Ainda tinha fotolito e para imprimir em cores, eu lembro que foi em 1996 que fizemos a primeira edição em cores, o preço da impressão triplicava. Lembro que contratávamos pesquisas – qualitativa e quantitativa– para saber o que o leitor pensava do jornal, o que ia bem, o que ele queria ver. Também contratávamos pesquisa eleitoral, para saber a posição do eleitor. Os consultores cobravam por hora... Enfim, vendíamos muita publicidade, aparentemente entrava dinheiro, mas saía muito mais. Tinha que esperar vender boi no Mato Grosso para fechar as contas!
Este foi um período que passou. Venceu-se o desafio de fazer o jornal do zero, de reconstruir uma marca e de reposicioná-la no mercado. Não é um desafio de 100 anos que o jornal enfrenta. É de 20 e poucos anos. Agora, estamos diante de novas mudanças e de novos desafios que se impõem a este jovem senhor: como será a integração com a internet e outras mídias? E com os tablets, como o IPAD? O jornal terá que ser um portal, com interatividade, vídeos e audios? Será o jornal impresso algo reservado no futuro como um luxo? Como unir estas tecnologias ao mercado e tornar o projeto sustentável? Quem hoje lê O MUNICIPIO? Onde há acertos, onde há erros. São novas questões para um novo mundo. E o jornal precisa começar a pensar nelas se quiser sobreviver, não por mais 100 anos, mas por mais 20 anos.

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